segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Houveram muitos erros...

Há qualquer coisa neste título que vos soa mal? Ainda bem, porque o uso incorreto do verbo "haver" é dos mais comuns da língua portuguesa.

O falante sabe que, ao conjugar um verbo, pode fazê-lo com os vários pronomes pessoais: eu, tu, ele, nós, vós, eles. Os últimos três, como sabem, estão no plural. Significa que o português permite a uma diferenciação de número ao conjugar verbos. E portanto, quando o referente do verbo "haver" está no plural, "houveram", pois claro.

Para quem comete esse erro, um exercício: e fazer isso no tempo presente? Não conseguem, pois não? Pois, porque, na esfera do presente, o verbo "haver" tem apenas uma forma: "há". E não podem dizer "eu há" ou "tu há", pois não? Claro que não.
Porque o verbo haver é um verbo impessoal, não tem pessoa (pronome pessoal) nem tem número (singular ou plural).

Muitas pessoas acham que este é um erro óbvio, embora haja ainda muitos que o cometem (haja, verbo "haver" no conjuntivo, sem pessoa e sem número, vêem?). Mas quando nos deparamos com perífrases verbais, isto é, com formas verbais constituídas por mais do que um verbo, a coisa começa a complicar. É tão, mas tão comum cometer erros neste tipo de estruturas que até os podemos encontrar muitos frequentemente em meios de comunicação social.

Nunca viram frases do tipo "vão haver mais pessoas no desemprego"? Afinal, "vão" é uma forma do verbo "ir", que se conjuga perfeitamente com número e que, por isso, tem formas plurais. Pois, mas "vão" está aqui como auxiliar do verbo principal; e o verbo principal é, novamente, o verbo "haver". E, portanto, o auxiliar nunca pode ser conjugado no plural, pois o verbo principal é impessoal. Assim sendo, "vai haver mais pessoas no desemprego."
Não compliquem: se o verbo "haver" está por lá, o plural não pode estar.

"Houveram muitos erros", mas a partir de agora não vai haver mais, pois não?

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